30 de dez. de 2010

Adeus,2010! (já vais tarde)



Nada de post longo hoje, vou ser curta e grossa no último post do ano. Eu só quero,mais do que tudo,que o ano de 2011 seja exatamente o OPOSTO deste ano que termina amanhã. Desejo nada mais do que isso. E pra quem teve um ano bom, que o restinho dele e o próximo sejam melhores ainda.

23 de dez. de 2010

Mais um ciclo termina


Podem-me chamar de Grinch e afins,mas,definitivamente,não gosto de fim de ano. Pra mim, sempre foi uma época triste, pois começo a pensar demais nas coisas e acabo ficando pra baixo,é de praxe. Ainda mais agora,já que esse ano de 2010 foi basicamente o pior ano da minha vida,enfim,os posts ao longo do ano tão aí para provar isso.

É um período de muita reflexão para mim,para avaliar o que de bom eu pude tirar do ano que passou. Faço isso também na metade do ano,mas o final dele parece ter um peso e um significado maior. E torço muito pra que passe tudo rápido com a esperança (ou a tentativa de se tê-la) de que o novo ano será melhor.

Dessa forma, gostaria de poder dormir e só acordar em 2011,visto que vai ser difícil não ver minha avó no natal e nem comer aquele almoço que só ela sabia fazer. Também queria acordar só no ano que vem porque assim não terei de ficar esperando pelo resultado das provas do vestibular tão ansiosamente. Também queria acordar em 2011 para rapidamente poder resolver umas pedências pessoais que estão-me fazendo mal, dentre outras coisas que não pretendo citar agora.

A comida logo mais começará a ser preparada,já que vamos viajar e participar de uma ceia com amigos da família;ninguém quer que a gente daqui de casa fique sozinha e pensando besteira no natal, e acho que a gente também não merece isso. A árvore está linda,bem decorada e com seus presentes embaixo dela, esperando pelos seus felizardos. A casa está limpa e arrumada, está tudo como deve ser...Será mesmo?

Enfim, eu só queria que esse sentimento de alegria,solidariedade e todas essas coisas bonitas pudessem atingir as pessoas não só nesta época,mas ao longo do ano inteiro;seria tudo tão melhor, pois quando a ceia acabar e os presentes forem abertos, essas coisas não terão mais o significado mágico de antes,então por que reservar as coisas boas e os bons sentimentos apenas para o fim de ano?

Vamos deixar mais de nos preocupar tanto com a roupa para usar na festa de natal ou de ano novo e vamos utilizar um pouco do nosso tempo para procurar em nossas coisas roupas e sapatos que não mais usamos e que servirão para outras pessoas que precisam. Vamos também deixar de fazer questão por este ou aquele peru de natal e pensar em quantas pessoas não podem ao menos comprar uma asa de frango para comer. Vamos deixar de pensar que devemos fazer campanhas de solidariedade apenas no natal;ninguém passa fome ou sente frio apenas neste período.

Assim, quero desejar boas festas para todos e que possamos dar sempre o melhor de nós em tudo que fazemos em nossas vidas, seja para benefício pessoal ou para o do próximo. Realmente não sou boa com as palavras no final de ano, sempre foi e sempre será assim.

17 de dez. de 2010

Angel flying too close to the ground



"Se você não tivesse caído
Então eu não teria encontrado você,
Anjo voando muito perto do chão.
E eu remendei sua asa quebrada
E te envolvi num abraço por um tempo.
Tentei manter seu espírito para cima e a sua febre baixa.

Eu sabia que um dia você iria voar para longe
Pois o amor é a maior cura para ser encontrada.

Então deixe-me se você precisar
Eu ainda vou-me lembrar,
Anjo voando muito perto do chão.

Voe,voe na velocidade do som.
Eu prefiro ver-te em cima 
Do que te ver para baixo.

Então deixe-me se você precisar
Eu ainda vou-me lembrar,
Anjo voando muito perto do chão..."

#Willie Nelson - Angel flying too close to the ground

9 de dez. de 2010

Um mês de uma saudade que vai durar pra sempre


Há um mês,meu chão perdeu mais um pedacinho pela partida do meu porto seguro. A dor ainda é muita, parece que tudo isso foi há uma semana atrás,o tempo passou voando mesmo,mas o que não passa e nunca vai passar é a saudade. Só o que pode acontecer é essa saudade transformar-se num sentimento amistoso,regado de boas lembranças, com o qual eu possa conviver sem sentir tanta tristeza. Mas ela ainda gera muita dor, e cada lembrança que me vem à cabeça é seguida por lágrimas.

O espaço jamais vai ser preenchido e essa sensação chega a me dar medo. Mas eu sei que minha avó vai estar comigo, como esteve desde o dia em que a gente se despediu. Sei que foi ela quem me ajudou a levantar de novo e está agora dando-me forças para seguir. Sem a força dela eu não estaria fazendo metade do que estou conseguindo fazer agora. Mesmo longe, ela continua fazendo tudo por mim. Como sempre foi.

Confesso que hoje não estou de bem com as palavras,mas não queria deixar esse dia passar em branco. Eu sei que já deve tá enchendo o saco colocar uma música em cada post,mas eu tinha de fazer isso agora porque simplesmente quando e escuto esta música parece que minha mente desloca-se involutariamente para outro lugar e eu tenho um momento apenas com ela,só com lembranças dela, e de um jeito inexplicável,ela me conforta.


Vento no litoral - Legião Urbana



4 de dez. de 2010

A little pray for me (and you)


É difícil continuar,é fácil desistir. Mas na mínima possibilidade de mudanças positivas deve-se agarrar. Porque quando se consegue, o prazer é maior do que a vontade de se entregar ou a dificuldade de lutar.É muito maior.

Amanhã,novamente,estarei em busca disso.Qualquer pessoa que disesse a há um tempo atrás que amanhã eu estaria fazendo-o, eu provavelmente teria rido, totalmente incrédula. Mas as coisas,nunca,mas nunca,são do jeito que você pensa que vai ser. E são nessas reviravoltas que se perde a estabilidade completamente. Mas aquela possibilidade tá ali, chamando você, e recusá-la pode ser um risco no qual o arrependimento possa vir tarde demais e a vontade de continuar torna-se praticamente nula.

Eu só queria que tudo isso passasse logo,terminasse o mais rápido possível. Sinto falta demais das pessoas que mais deveriam estar-me ajudando neste momento,mas elas não estão mais perto de mim ou simplesmente não se deram conta do quanto a ausência delas me faz mal. O pior de tudo é saber que são pessoas dignas do meu amor e por mais triste que eu esteja com a situação,eu não posso deixar de amá-las.

Eu quero conseguir meu caminho de volta e não mais ter que depender dessas pessoas. Quero meu controle de volta, meu norte,minha razão e minha emoção. Quero a minha vida de volta; parece que foi sequestrada sem previsão de resgate.

Mas para conseguir tudo isso eu preciso de força,mais do que tudo. Então,antes de pedir qualquer coisa,eu peço força. Força para conseguir fazer minhas provas amanhã e segunda. Força para lidar com o resultado negativo que vier. Força para aguentar começar minha vida do zero. Força para aceitar as consequencias da minhas decisões e das minhas ações. Força para ficar curada. Força para continuar sendo o porto seguro da minha família. Força para aguentar a rejeição e o desprezo. Força para aguentar a repercussão da verdade. Força para ter serenidade diante do que for-me proporcionado. Força para eu ser eu mesma sempre. Força para cumprir minha missão e mais um pouco de força para que eu possa deixar o suficiente para as pessoas lidarem com a minha passagem.

Uma música,uma oração:

"Quando seu dia é longo... E a noite
E a noite é solitariamente sua
Quando você está certo de que já teve o suficiente dessa vida,bem,aguente.
Não se deixe ir
Porque todo mundo chora.
E todo mundo se machuca...Às vezes

Às vezes tudo está errado
Agora é hora de cantar sozinho
Quando seu dia é uma noite,aguente.
Se você se sentir deixado pra lá.
Se você pensa que já teve demais dessa vida,bem,aguente.
Porque todo mundo se machuca às vezes
Tenha conforto em seus amigos
Todo mundo se machuca.

Não solte sua mão.Oh, não.
Não solte sua mão
Se você se sentir como se estivesse sozinho
Não, não, não, você não está sozinho.

Se você está sozinho nesta vida
E se os dias e as noites estão longos
Quando você pensa que já teve demais...aguente.
Pois todo mundo se machuca às vezes
Às vezes todo mundo chora.
E todo mundo se machuca, às vezes

Então aguente firme
Porque não,você não está sozinho..."


 
 
R.E.M - Everybody Hurts

30 de nov. de 2010

A trilha sonora certa


Acordei com esse filme e a música de sua trilha sonora na cabeça,não sei por quê. Só sei que ambos são muito bons!

"Amor tolo é conhecido por oscilar 
Propenso a se agarrar e desperdiçar estas coisas
Se encolha pelo amor de Deus
Nunca houve tanto em jogo

Eu sirvo minha cabeça em um prato
É apenas um conforto, ligando tarde
Porque não há mais nada a fazer
Cada eu e cada você..."

Placebo - Every you, every me

 



Lista completa da trilha:

1. Every You Every Me - Placebo
2. Praise You - Fatboy Slim
3. Coffee And TV - Blur
4. Bedroom Dancing - Day One
5. Colorblind - Counting Crows
6. Ordinary Life - Kristen Barry
7. Comin' Up From Behind - Marcy Playground
8. Secretly -Skunk Anansie
9. This Love - Craig Armstrong
10. You Could Make A Killing - Aimee Mann
11. Addictive - Faithless
12. Trip On Love - Abra Moore
13. You Blew Me Off - Bare Jr.
14. Bitter Sweet Symphony -The Verve



25 de nov. de 2010

Sem título para descrever



"Estava pensando na finalidade disso tudo. Como alguém pode deixar seu mundo em um piscar de olhos e ir embora para sempre.É muito grande pensar nisso. É muito difícil. E depois devemos seguir em frente, certo? Lidar com isso. Devemos ficar tristes enquanto as flores durarem e depois, hora de voltar a contar piadas e lembrar dos velhos tempos. Não tenho nenhuma piada pra contar. E os velhos tempos... Os velhos tempos se foram.

Tenho que dizer a mim mesma para ser feliz, mas eu não me sinto feliz. E quando tento mudar, quando tento lembrar de como era ser feliz, não consigo em boa parte do tempo. Eu não sinto felicidade. Não me sinto inspirada. Sinto-me entorpecida.

Com quem contar agora?Em quem acreditar?Por mais que digam que aquela pessoa está te olhando,não é a mesma coisa.É diferente.Diferente e triste ao mesmo tempo. Não adianta escutar palavras bonitas de consolo,por mais belas que elas possam soar nos seus ouvidos. Não adianta dizer que tudo isso vai passar porque quando se está sozinho no mundo nada disso importa...São meras palavras jogadas ao vento,sem significado algum..."

23 de nov. de 2010

What goes around...



E hoje fiquei sabendo de mais uma coisa que me deixou chateada e intrigada ao mesmo tempo...O que tudo isso significa? Coincidência? Carma? Destino? Perseguição?Por favor,alguém me explica o que está acontecendo com o mundo ao meu redor. Tô vendo que o jeito é eu ir morar numa bolha para sempre e me desligar por completo do universo.

O fato é que eu estava na minha,cuidando das minhas coisas,quando fico sabendo de uma pessoa que está com outra,cujas semelhanças comigo são gritantes. Até aí tudo bem,coincidências acontecem,não é mesmo? Mas descobrir outra pessoa,que já esteve com a outra em questão,que está querendo exatamente as mesmas coisas que eu e a outra pessoa queremos não seria demais não? Nesse círculo pequenino de pessoas com as coisas mais comuns impossíveis? Dá vontade de rir para não chorar de raiva diante disso.

Tá,eu sei,esse texto tá uma loucura só,uma confusão sem tamanho,e acho que nem eu mesma estou conseguindo externar a minha sensação no momento,mas eu preciso fazê-lo de qualquer jeito.É como se o universo estivesse conspirando contra a minha pessoa,ou simplesmente o destino resolveu brincar comigo,mas essas brincadeira não tem graça nenhuma,não mesmo.

Odeio essa história de carma,dizem que ele não falha e blábláblá.Detesto isso.Mas parece que ele faz questão de bater na minha porta e dizer: "Ei,é bom você acreditar em mim e se acostumar comigo,ok?!..." Realmente sinto-me perdida com essas coisas e o tal do carma não ajuda nem um pouco a me achar.Mas essa é a roda viva,sempre dando voltas e mais voltas,o problema é que você nunca sabe onde ela vai resolver dar uma paradinha...É aí que os calos do seu pé começam a doer.Pra caramba.

17 de nov. de 2010

Mais uma guerreira encerra sua luta


Vovó,

Hoje seria seu 82º aniversário,mas o pessoal aí de cima resolveu que era melhor a senhora comemorar descansada e em paz aí com eles. Há uma semana atrás,a gente aqui estava-te dizendo adeus,até breve e como eu disse,um simples "tchau,vovó". Eu disse isso,vó,porque eu sei que um dia eu vou encontrar de novo com a senhora e eu vou poder te abraçar com toda a força que eu tenho,já que aqui não podia fazer isso do jeito que eu gostaria,pois tinha medo de te apertar e fazer a senhora sentir dor. Vou poder cheirar essa cabecinha e sentir aquele cheirinho que até hoje tá naquela colcha rosa e na sua touquinha azul,que tá aqui comigo. Se eu pudesse,ficaria ali deitada na sua cama cheirando aquela colcha pra sentir a senhora mais perto de mim como antes.

Vovó,a saudade aqui tá muito grande,muito mesmo.Seria egoísmo da gente querer que a senhora permanecesse aqui mais um tempo,porque a senhora tava sofrendo demais,ver-te daquele jeito também fazia a gente sofrer,mas nada comparado com o que a senhora tava sentindo.Lembra que na sua despedida eu te falei que a dor tinha acabado?E que a senhora agora ia poder dormir tranquilamente?A dor passou,vovó,e isso tá me ajudando a aceitar o fato de que a senhora não vai estar mais lá em casa quando a gente for para Garanhuns.As dores que a senhora sentia de alguma forma passaram pra gente na forma de tristeza,mas eu sei que isso um dia vai passar e que a senhora vai está ajudando a gente pra isso né?Eu pedi isso a senhora também na despedida,não queria ficar pedindo mais coisas,a senhora já me deu tanto,sabe,mas acho que isso não vai ser tão difícil assim;a sua fé te levou pra um lugar lindo,com pessoas lindas,e eu tenho certeza que a senhora já deve tá amiga de todo mundo,como também era aqui e vai fazer de tudo pra ajudar a gente.

Não sei se a senhora já sabe mas,quando eu era mais nova e os seus problemas de saúde não eram nem de longe os problemas que a senhora teve antes de partir,eu rezava pra Deus não pra curar as dores,mas sim para Ele tirar a sua dor e colocá-la em mim,nem que fosse um pouco,pra te dar algum alívio,vovó.Eu pedia,pedia,mas só via a senhora piorando,aí desisti.

Desculpa se eu sou fraca,vó,queria ter pelo menos uma parte da fé que a senhora teve,eu ficava admirada com o tamanho dela;mesmo sofrendo e com tantos problemas e dificuldades em casa,a senhora sempre tava lá rezando o terço,assistindo Rede Vida,acordando a gente cedinho pra ir pra missa ou levando a gente pra missa da tarde no Santuário da Mãe Rainha...E a senhora vivia mandando eu rezar antes de dormir,rezar e cantar na hora da missa,entregar a minha vida a Deus...Perdoa-me,vovó,se hoje eu me encontro tão descrente e desiludida,eu não era assim,a senhora sabe,me desculpa se na hora da sua despedida,quando tinha tanta gente rezando,eu fiquei calada.Se a senhora poder me ajudar nisso também,vó,ia-me fazer tão bem,tô precisando de um norte na minha vida.

Vovó,a senhora teve uma vida tão sofrida,mas isso nunca fui desculpa para a senhora desanimar.Lembro-me das suas histórias de menina,quando tão pequena,aos 7 anos,já tinha que tomar conta da casa e cuidar dos seus irmãos mais novos,além de ajudar seus pais com as plantações e com os animais.Desde aquela época,já tinha problemas de saúde,mas a pobreza e a luta não permitiam o luxo de um descanso sequer.E foi nesse contexto que a senhora conheceu o seu velho,que tá sofrendo tanto aqui com a sua ausência,vó.Vovô tá tão triste,chora o tempo todo,partiu-me o coração ter que ir embora ontem da casa de vocês,vendo ele chorando e a sua cama vazia...

O seu véinho sente muito a sua falta,e eu sinto falta não só da senhora,mas de ver vocês dois juntos,conversando,trocando um carinho e até brigando.Achava tão engraçado quando a senhora ficava gritando da cozinha "Atônio,tu num vai se levantar não é?!...",só pra tirar vovô do cochilo do almoço.Ele levantava arretado,mas eu sei que hoje ele daria tudo pra que a senhora continuasse fazendo isso todos os dias.Ele te ama muito,vó,muito mesmo,e tenho medo de que esse amor e essa saudade possam vir a fazer algum mal para ele,sabe vovó...Nunca vou esquecer daquela noite na qual estávamos só nós duas no seu quarto,sentadas na sua cama,quando a senhora me disse pra gente rezar para eu poder ter alguém na minha vida tão especial quanto vovô.Não sei se a senhora notou,mas meus olhos encheram de lágrimas naquela hora,e depois sozinha,na minha cama,eu fiquei chorando e pensando nisso.Mesmo a contragosto do meu bisavô,a senhora se casou com vovô,que era humilde e trabalhador,mas não um rico fazendeiro como o seu pai queria.A senhora teve a sorte de o seu pai permitir essa união,vó,e ter ficado com meu avô;foram 62 anos de muito amor,eu tenho certeza disso.E não importou o dinheiro para a senhora,o sentimento tornou essa história mais bonita do que qualquer romance ou filme.

Vó,cada canto da casa lembra-me a senhora,é inevitável.O terraço onde a senhora ficava sentada pra se esquentar com o Sol e pra ver o movimento da rua,com suas plantas de que a senhora tanto gostava...Teve uma plantinha lá cujas flores murcharam todas após a sua partida,mainha que notou isso,e eu lembrei do quanto que a senhora falava que as plantas sentem as coisas que acontecem ao redor delas.Seu quintal,cheio de verduras com as quais a senhora fazia salada,as ervas pra fazer chá,pra fazer alguns remédios,com galinhas para fazer pro almoço de domingo e mandar um monte de ovos pra gente,a cana para tirar o caldo de que a senhora tanto gostava...A senhora também gostava de ficar sentada no sofá da sala,com as pernas apoiadas num banquinho,sempre que eu tava em casa eu ajeitava ele para a senhora poder assistir televisão,pelo menos por uns cinco minutos,já que a senhora não conseguia para quieta no canto,era sempre andando de um lado para o outro,procurando alguma coisa pra mandar arrumar ou limpar;a cozinha era só sua,nem a gente a senhora queria que chegasse perto...e como era gostosa sua comida,e como eu sempre voltava cheinha para cá depois de passar as férias com a senhora.Ás vezes eu comia mais do que eu queria só pra não te chatear,vó,porque eu sabia da sua preocupação comigo e do seu carinho para preparar tudo,sempre falando que eu tava magra,que precisava comer para poder aguentar os estudos.Mesmo longe,a senhora me ligava só pra perguntar o que eu tinha comido no café,no almoço ou na janta,se andava levando um lanchinho na bolsa quando ia pra aula,até perguntava se eu já tinha tomado banho!Nem mainha me cobrava mais essas coisas há um bom tempo vovó,mas mesmo assim a senhora nunca deixou de zelar por mim.

Quando ia passar as férias com a senhora e com vovô,detestava quando às 8 e pouca da manhã,a senhora ligava o som nas alturas para escutar a "Ronda Policial",acordando quem estivesse dormindo...Eu achava uma chatice vó,mas a senhora nunca gostou de ninguém preguiçoso,sei bem disso,mesmo sendo férias,a senhora queria que a gente não perdesse o dia dormindo.Eu levantava,passava pela cozinha e já via meu pratinho pronto e meu caneco já cheio de chá de cidreira ou de café com leite,bem docinho,do jeito que só a senhora sabia fazer pra mim.No almoço e no jantar era a mesma coisa,chegava na mesa e já estava meu prato feito,com muito mais comida do que eu podia aguentar,mas era pra comer tudo e sem reclamar,e ainda ficava empurrando uma fruta ou um lanche para eu beliscar durante o dia.Ô vó,quem vai brigar comigo pra comer agora?Quem vai fazer aquela cabidela no domingo?Quem vai mandar um monte de maracujá aqui pra casa pra fazer o meu suco preferido?Quem vai-me dar uma caixa de chocolate escondido de todo mundo?E quem vai-me dar dinheiro para comprar no mercado só as minhas guloseimas preferidas?

A senhora cuidou tanto de mim,vó,e eu cuidei tão pouco da senhora.Na minha correria,vivia colocando outras coisas em prioridade e acabava esquecendo das coisas mais simples e importantes como a senhora,vó,me desculpa.Por que a gente teve que ficar tão longe e as coisas serem tão difíceis pra gente poder estar mais presente e te ajudar mais?São coisas como essa que me deixam com raiva,vó,eu não me conformo com isso,a senhora não mereceu passar pelas coisas que passou,às vezes me batia uma tristeza por conta de toda essa situação,mas a senhora nunca se entregou,minha guerreira mais forte,e que isso sirva de exemplo pra mim,pra todas as coisas que compõem a minha vida,algumas delas que só a senhora sabe.

Ô vó,por que os invernos te faziam tão mal?Já me dava uma agonia quando chegava julho e tinha de ir pra sua casa pra te ver reclamar das dores nas pernas e da falta de ar.Eram tantos cobertores,quase sempre ia pro seu quarto para te cobrir e te deixar bem agasalhada,ou fazer massagem nas suas pernas sempre tão inchadas,a senhora sempre dizendo que minhas mãos eram santas;queria mesmo que elas fossem,pois teriam te ajudado do jeito que eu gostaria.Vovó,às vezes eu não queria ir para Garanhuns porque não queria passar as férias triste com a senhora doente e com vovô e mainha aperriados e porque simplesmente teve uma hora que minha infância passou e deixei de achar graça em todas as coisas que antes me divertiam quando ia pra sua casa.Perdoa-me vó,por ter essa ânsia sem desculpa de querer aproveitar as férias com coisas banais e deixar de te ver várias vezes.

Eu tenho tanto pra te agradecer,vó,eu nem sei se a senhora vai ver isso aqui que eu tô escrevendo agora,mas eu tô tentando achar alguma forma de te dizer as coisas que estou sentindo. Primeiro eu quero te agradecer por ter me dado uma mãe tão maravilhosa e tão amável;vocês duas sempre foram meu porto seguro,principalmente a senhora,que compartilhava tanto comigo,coisa que eu sinto muita falta agora.Sinto-me tão só às vezes,vó,tem coisas que eu só podia falar com a senhora,o que eu faço agora?Obrigada por cuidar de mim e de Paula quando mainha tinha que trabalhar e a gente não tinha ninguém decente pra ficar conosco aqui,e a senhora muitas vezes deixava vovô e vinha para cá.

Obrigada por me proteger e me deixar ciente das coisas que andavam acontecendo, das quais muitas vezes os outros queriam-me poupar.Obrigada por simplesmente acreditar em mim,no meu potencial;a senhora sempre me elogiava tanto,eu não merecia tantos elogios,vó,eu nunca fui a pessoa perfeita que a senhora pensava,fiz muita besteira por aí já,mas a senhora sempre via o meu melhor lado,e isso às vezes me deixava constrangida e aflita,com medo de cometer qualquer erro que fosse,mas isso fez com que muitas vezes eu pensasse na senhora nas horas das minhas ações.Obrigada por me defender quando eu mais precisei e obrigada também por ter brigado comigo e por não ter medido palavras para explicitar as verdades que muita gente na nossa família precisava ouvir.Obrigada por ter sido uma pessoa que sempre pensava na família,tratando cada um de nós como se ainda fôssemos crianças indefesas.Obrigada por ter me compreendido tantas vezes,até mesmo quando eu não mereci.Obrigada por ter apoiado minha mãe e Paula nos momentos em que elas mais precisaram.

Obrigada por ter me proporcionado momentos tãos bons ao seu lado e obrigada por ter parado para me escutar antes de a senhora falar ou fazer algo que fosse esquentar mais ainda os ânimos em casa;sua espontaneidade muitas vezes fazia com que eu tivesse de interferir,e a senhora sempre acolhia o que eu falava,obrigada por isso,vó,poucas pessoas fazem isso quando eu intervenho.Obrigada por ter me dado apoio financeiro tantas e tantas vezes,mesmo contra a minha vontade;sua aposentadoria era tão pouca,vó,mas mesmo assim a senhora sempre separava uma "coisinha" pra gente.Obrigada por interceder por mim,por rezar por mim,por torcer por mim,por ser simplesmente a minha vovó.Obrigada por ter me dando a honra e o prazer imensurável de desfrutar do seu amor de mãe e de avó.Obrigada por ter existido na minha vida,vó,eu nunca vou esquecer as coisas que a senhora fez por mim e pela nossa família.

Perto da sua partida,a senhora pôde se despedir das suas pessoas mais amadas,menos de mim,porque eu estava fazendo vestibular.Mas a senhora não deixou de pensar em mim,como sempre né vó,e só fez sua viagem um dia depois de as minhas provas terem acabado para assim eu poder fazê-las sem aperreio.Obrigada por isso vó,e pode ter certeza que eu não vou esquecer do dia que eu te deixei sentadinha no sofá da sua sala e vim embora para casa;eu te abracei como se fosse a última vez,e de certa forma foi,porque depois de ser internada pela última vez,a senhora não lembrou mais de mim,mas eu pude novamente te abraçar depois disso,e te abraçar de novo quando a senhora já estava em casa,do jeito que a senhora sempre quis terminar seus últimos dias aqui: na sua casa,no lugar que foi seu por tantos e tantos anos e que continuará sendo;sua casa e a de vovô vão para sempre exprimir as lembranças de vocês dois.

Eu te amo mais do que essas simples palavras possam expressar,minha avó;essas palavras não são suficientes de forma alguma para expressar o sentimento que eu tenho pela senhora. A saudade tá doendo como uma dor física,tá demais,às vezes eu tenho vontade de gritar,sair correndo por aí sem rumo de tão triste que me sinto vó,do tanto que eu sinto sua falta.Obrigada por tudo.Esteja sempre comigo,por favor.

Deus,eu sei que não estou sendo a melhor das pessoas com o senhor nesses tempos,mas eu só queria te agradecer por não ter feito a minha avó sofrer nos seus últimos momentos.Eu sei que foi a fé dela que possibilitou isso,mas obrigada por ter concedido essa graça para ela e ter amenizado nossa dor quanto a isso,pois ela se foi do jeito que muita gente gostaria de ir:dormindo.Muito obrigada,Deus.

-

Maria Emília Rodrigues
17/11/1928
08/11/2010


30 de out. de 2010

21


Como meu aniversário foi nessa semana (terça-feira,dia 26) vou tentar fazer algo diferente para marcá-lo aqui no blog.Na verdade,eu nem sou muito chegada nessa coisa de aniversário,mas confesso que as coisas legais que me aconteceram nessa passagem de idade foram bastante significativas para mim,e me deixaram com um humor e com uma sensação boa que há vários aniversários eu não tinha.

Pois bem,21 anos completei no dia 26,e logo que olhei para mim no espelho pela manhã,pensei: "O que raios(eufemismo para um palavrão) tu tens pra comemorar hoje? Quais motivos tu terias para comemorar um aniversário?". Aí eu respondi para mim mesma: "Realmente,não tenho motivo algum para comemorar porcaria alguma neste ano.Da mesma forma que não tive ano passado.Mas será que vai virar tradição meu aniversário ser sempre triste?" -novamente respondo: "Você fez por onde,você fez tudo errado".

Depois dessa longa discussão comigo mesma (bastante editada por mim aqui), termino a conversa dizendo: "Dê-se uma chance,pelo menos desta vez. Deixa todas essas coisas ruins de lado um pouquinho,finja que tudo está nos eixos e deixa rolar.Tira um pouco desse peso,acho que você merece."

Merecendo ou não,obedeci ao lado otimista da minha cabeça e tudo aconteceu melhor do que eu imaginava. Tive uma festinha surpresa preparada pelas minhas ex-companheiras,mas que continuam amigas,da faculdade, minha mãe viajou para me ver,saí para jantar com minha família e passei o resto da noite com ela,tudo em paz. Recebi as ligações e mensagens esperadas,umas até surpreendentes,outras nem tanto,mas em resumo foi um dia alegre. Só senti falta da ligação de uma pessoa que sempre me acordava de manhã para me parabenizar,mas,infelizmente,minha avó está com sérios problemas de saúde,tendo como consequência lapsos de memória,alguns dos quais ela esquece de que eu sou neta dela. Mas eu sei que o amor dela por mim continua o mesmo,independente de qualquer doença,então isso já é o suficiente.

Deixei minha cabecinha quieta,no canto dela,sem reclamar ou elogiar qualquer coisa que fosse e ontem reuni meus outros amigos,junto com o pessoal da faculdade e fomos para um rodízio. Passei um dia super estressante,com um trânsito de matar um do coração,tendo que perder aula pra não perder a hora,mas novamente foi tudo melhor do que eu imaginava (aliás,não imaginei,não gosto de imaginar) e me diverti bastante;mal comi,já que fiquei indo de um lado a outro das mesas pra tentar dar atenção a todo mundo,mas não me importei,estava desfrutando de um momento legal e simplesmente fiquei eufórica com isso.Pra fechar a noite,saí com mais duas amigas para um barzinho,só nós três,para aproveitar aquele momento só nosso. Tudo incrivelmente terminou bem. Obrigado,lado otimista da minha cabeça.

Sim,o negócio diferente é uma besteira,só pra encher linguiça mesmo. Vou pegar minha idade e escrever em cada uma alguma coisa sobre mim,o que me vier na cabeça a meu respeito eu vou escrever,seja mania,fato importante,característca marcante,o que for.Aí vai:

1- Tenho uma relação de amor e ódio com a comida
2- Sou super-hiper-mega-power-ultra pessimista
3- Só gosto de dormir com meu travesseiro
4- Aos 15 anos,tive uma revelação secreta a meu respeito
5- Mesmo estando feliz,só gosto de escutar músicas depressivas e afins
6- Amei de verdade apenas dois garotos
7- Fugi de compromisso durante toda a minha adolescência
8- Já pensei obsessivamente na morte
9- Não gosto de ganhar flores 
10- Quando criança,tinha crises de choro com medo do futuro
11- Preferia brincar de Lego do que de boneca
12- Gosto mais de tomar banho de mar à noite do que de dia
13- Presenciei um tiroteio quando voltava da escola
14- Fiz teatro,mas tive que parar por causa dos estudos
15- Já fiquei com um menino na pracinha da igreja com a missa rolando lá dentro com minha mãe
16-Adoro chocolate meio-amargo
17-Consigo escutar a mesma música por horas seguidas
18-Entrei na faculdade já me sentindo uma estranha no ninho
19-Já tive que mentir para proteger alguém que amo de algo muito sério
20-Quando me chateio com algo ou fico muito triste,sinto muito sono
21-Tive 5 festas surpresa na minha vida (14,15,19,20 e 21 anos)


#Silversun Pickups - Growing old is getting old

23 de out. de 2010

Felicidade comprimida



É, parece que o Sol tá aos poucos aparecendo pra mim de novo,já consigo sentir o calor dele dentro de mim e a sua luz voltou a clarear muitas coisas para minha visão antes tão difusa e escura. Tudo isso me proporciona uma sensação boa,mas outra parte minha ainda diz: "Muita calma nessa hora...".Acho que isso pode ser chamado de auto-defesa,algo assim,não sei...Medo?Pode ser.Deve ser.

Várias pessoas próximas andam comentando comigo o quanto o meu semblante está mudado,de uma forma positiva,em relação aos meses anteriores. Uma das minhas amigas disse-me que meu olhar está diferente,está mais brilhante.Outra mencionou que minha voz está mais animada,que meu sorriso voltou a ser natural,alegre.Minha terapeuta falou que antes eu andava como se estivesse carregando um peso enorme e invísivel nas costas e que hoje em dia estou cada vez mais carregando menos peso,estou realmente mais leve.

Todas essas palavras não foram minhas,mas digo com sinceridade e cautela que concordo com cada uma delas.Sinceridade porque estou mesmo me sentindo cada dia melhor: recuperei meu peso,voltei a cuidar da minha aparência,agora acho mais graça nas coisas,retomei coisas que antes eram prazerosas e depois passaram a não ser mais,estou lidando com os problemas com mais serenidade, estou concentrando-me melhor nos estudos,aceitando melhor essa nova perspectiva na qual a minha vida está indo de encontro. Cautela porque sempre fui desconfiada do fato de que quando muitas coisas boas acontecem com você,outra bem pior está por vir.Não que seja bom estar sempre naquele clima triste,de forma alguma, mas as circustâncias na minha vida infelizmente me levaram a esse pensamento de estar sempre na iminência de algo ruim acontecer quando estou numa fase boa e vice-versa, justificada pela famosa afirmação: "Depois da tempestade,sempre vem a bonança...".Pois bem,posso dizer que estou na bonança,mas a gente sabe que a bonança não é eterna e,creio eu,que a tempestade também não.

O negócio é encontrar o equilíbrio entres essas duas coisas,algo que ando buscando com afinco,já que viver nessa sensação de expectativa pra tempestade ou pra bonança não me faz bem;temos que aproveitar as coisas boas sem ficar pensando nas ruins que estão por vir,pois deixaremos de viver a plenitude da calmaria e teremos menos força pra enfrentar a escuridão e o frio quando eles voltarem. É um assunto o qual considero complicado de falar;cada pessoa tem sua forma de lidar com essas fases,uns são receosos como eu,outros são adeptos do carpe diem acima de tudo e outros têm o preparo ideal para qualquer que seja o momento no qual se encontram.

Mas por enquanto vou tentar curtir a bonança bem direitinho e alcançar a melhora de 100%; estou definindo essa fase como tranquila, porque comparada com os 10 meses anteriores que foram simplesmente terríveis, é como se estivesse no paraíso agora. Claro que ainda tenho muitas coisas pra arrumar na minha cabeça dura, trabalhar muitas e muitas questões, limpar várias bagunças e desfazer muito estrago, mas tenho que ir na calma pra não pirar de novo. Minha meta é estar de alma lavada pra começar uma nova fase no próximo ano,que promete ser bem trabalhoso e estressante,já que vou a luta de novo por um novo caminho na minha vida de errante.

Termino aqui com Shakespeare,como sempre ilustrando meus pensamentos:

"Estas alegrias violentas têm fins violentos,falecendo no triunfo, como fogo e pólvora que num beijo se consomem..."

12 de out. de 2010

Feliz dia das crianças


"Hey child, things are looking down.
That’s okay, you don’t need to win anyways.
Don’t be afraid, just eat up all the gray and it will fade all away.
Don’t let yourself fall down..."

-

#Patrick Watson-The Great Escape

2 de out. de 2010

Pick your poison


"Parece tudo tão falso, a idéia de que boas coisas acontecem para boas pessoas, que há mágica no mundo e que os mansos e justos a herderão. Existem tantas pessoas boas que sofrem por algo assim, para falar a verdade. Existem tantas orações não respondidas. Todos os dias, ignoramos como o mundo está arruinado, e dizemos a nós mesmos que tudo ficará bem. "Você vai ficar bem". Mas não está. E uma vez que se dá conta disso não há volta. Não há mágica no mundo. Pelo menos, não hoje..."

Tentamos colocar em nossas cabeças todos os dias que tudo tem um motivo para acontecer, que há sempre uma razão para tudo e que não importa o que aconteça, temos que continuar. Coisas boas e ruins acontecem com todo mundo, mas temos sempre razões para achar que os nossos problemas são maiores que os dos outros e muitas vezes nos deixamos levar por isso,não enxergando algo mais adiante e tendendo a falhar ainda mais.

Qual o sentido disso tudo? Qual o sentido de lutar numa batalha na qual já se sabe o desfecho da guerra? A mágica? Não, nada disso vale a pena. A mágica não existe, é uma mera ilusão. É tudo uma eterna ilusão, estamos sempre na busca dela e damos vários nomes para tornar  essa busca um objetivo central de nossas vidas. Os nomes que damos para essa ilusão servem para nos inspirar e nos dar força também. Eles são bonitinhos,atraentes,fazem com que queiramos ter o prazer de desfrutar aquilo que eles aparentam significar para nós. É algo que vicia, faz a gente querer cada vez mais. Mas qual o sentido?

É melhor o entorpecimento ou a inspiração?Sinceramente,não sei.Já senti ambas as sensações e continua tudo sendo "tão falso". Só posso dizer que quando a mágica termina é difícil acreditar nela novamente, ou melhor,querer acreditar nela, pois não há sentido em cair na ilusão novamente,é doloroso demais. É tudo doloroso demais.

O melhor a se fazer nos momentos em que você passa a se questionar dessa forma é apenas fechar os olhos, tentar passar uma borracha na sua cabeça e esperar por um novo dia,porque a mágica, a ilusão e a ausência dessas duas vão continuar existindo nesse mundo, é apenas  escolha sua achar o que é melhor (para você) sentir.


28 de set. de 2010

Quando o Merthiolate ardia

Há algumas semanas atrás,recebi um email bem legal mostrando fotos e comentários a respeito da infância nos anos 90. Confesso que bateu aquele sentimento nostálgico,e comecei a pensar nas diferenças gritantes da época da minha infância em relação à infância dos dias atuais.Vendo o email e comparando as coisas,acho até hoje a infância dos anos 80 ainda melhor do que a dos 90 e a dos 00 a pior de todas,e vou tentar esclarecer o motivo.

Pra começo de história,nos anos 80 e ainda em boa parte dos 90,quase todo mundo morava em casa,e não trancafiado num apartamento.Claro que aqueles que moram no interior ainda tiveram mais chance de morar no nível do chão comparados aos das grandes cidades,enfim.Voltando ao pensamento,morar em casa era a coisa mais legal do que qualquer outro tipo de residência,pois todo mundo se conhecia na rua;seus amigos podiam ser da mesma rua que a sua ou até de outras ruas,juntando aquela turma imensa pra brincar,brigar e trelar mais do que tudo.A rua era o playgroud,a quadra,o lugar pra paquerar,pra comprar o picolé e a pipoca que estavam passando no carrinho, jogar queimado, barra-bandeira, pular corda, andar de bicicleta,subir em árvore...e as quadras residenciais eram o espaço ideal para brincar de esconde-esconde,brincadeira a qual sempre haviam armaçõezinhas para a pessoa que contava ficar contando até o jogo acabar.Na rua,não importava o colégio que você estudava,a sua renda familiar,entre outras coisas: todo mundo andava em bando e se divertia junto.

Muitas brincadeiras,como pega-pega,esconde-esconde,dono da rua,eram feitas apenas com o pessoal,ou com coisas bem simples,mas que garantiam a diversão para o dia inteiro.Um chinelo,por exemplo,servia muito bem de bandeira na brincadeira do barra-bandeira. Já um graveto servia para demarcar os limites do campo de futebol,queimado,dono da rua e até a própria barra-bandeira. Se a rua fosse de terra batida e tivessem plantas nos quintais das casas ou na calçada da rua mesmo,a terra e as folhas das plantas e árvores eram componentes ideais para garantir a refeição preparada pelas meninas que brincavam de casinha com suas bonecas e jogos de panelinhas que antes eram de barro,madeira e metais e depois passaram a ser de plástico.

Qualquer brinquedo era suficiente pra garantir a diversão,não importava qual fosse, cada um com sua simplicidade ou novidade tinha algo de singular que o tornava inesquecível. Hoje os brinquedos são praticamente os mesmos, o que muda entre eles é basicamente o preço, a quantidade de cores e efeitos; quanto mais piscar, mexer e falar mais, melhor. As crianças brincam por uma semana ou duas no máximo e esquecem dos brinquedos,querendo logo outro que as satisfaça. Não vou dizer que adorava brinquedos novos, mas o que eu quero dizer é que lembro dos brinquedos que eu tive, não de todos por conta do tempo, mas lembro da maioria, até mesmo dos brinquedos dos meus amigos.  



Boneca Moranguinho: lembro que tinha um cheiro bem gostoso,além disso,nada fazia e era o maior sucesso das meninas nos 80's e 90's. Procurando fotos de brinquedos na net,achei a boneca bolachinha,uma das poucas que falava na época,dizia que tava com fome e quando a gente colocava uma bolacha de plástico que vinha junto ela dizia: "Huum,que gostoso!".Era o máximo na época,uma novidade mesmo.Depois tem a imagem da boneca Tippy,uma das minhas preferidas.Já existia nos anos 80,tanto que herdei a boneca da minha irmã,mas eu adorava esse triciclo dela e não me importava que ela já estivesse velha e meio acabadinha. Fizeram um "remake" da boneca anos e anos depois,mas pelo jeito não colou,já que brincar de entrar no orkut, falar no msn,pintar as unhas de vermelho sangue e usar roupa de mini-piriguete é mais legal para as meninas de 7,8 anos nos dias de hoje...

Até a Barbie de antigamente era mais legal,não sei se era porque não existiam tantas imitações ou porque suas roupas e acessórios (quase sempre uma escovinha para cabelo e um sapatinho) eram encantadores para as meninas,como modelo de jovem bonita,inteligente e independente (a parte de ser fútil veio com o tempo). Hoje em dia,apesar de a Barbie vir com tantos acessórios junto da boneca na caixa,já são poucas as compradoras dela. Ahh,a bebê dodoi,dormi junto com ela até uns 11 anos,tinha medo de sair com ela na rua para não sujar sua roupinha branca,se ela caísse no chão era o terror pra mim. Pra vocês verem como a inocência de hoje não atinge os 11,12 anos nem a pau; 11 anos já é idade pra beijar na boca. Por fim,a fofolete.Qual menina nunca teve uma dessas?Até minha mãe teve,até hoje tem uma bem velhinha,toda se desmanchando na casa da minha avó.



Pra não deixar os meninos de fora,já que falei um parágrafo inteiro sobre bonecas e como sei pouco sobre os brinquedos masculinos,vou mostrar aqui aqueles os quais toda a turminha da rua se juntava pra brincar  quando os meninos não queriam mais jogar bola ou as meninas enjoavam de brincar de casinha. Quem não lembra das molas,de várias cores?Só de ficar mexendo de um lado para o outro já era o máximo de,mas claro que nós,creonças,inventávamos de tudo pra tornar a brincadeira mais legal (vulgo: perigosa), assim como o tec-tec,que tem esse nome pelo barulho que faz quando as bolinhas se chocam. Perdi as contas na época de quantas vezes eu machuquei minhas mãos e braços,eles sempre tinham manchas roxas por causa do brinquedo.Mesmo sendo bem baratinho,acho que R$2.OO, minha mãe comprou o tec-tec praticamente à força, já que ela achava um perigo pra mim,mas eu insisti e a venci pelo cansaço e por mais que eu me machucasse,eu não deixava de brincar,era um brinquedo individual e ao mesmo tempo conseguia juntar o pessoal para brincar juntos e ensinar uns aos outros outras manobras, o que me leva a mencionar também o iô-iô (até hoje não entendo como via graça em ver um cilindro achatado subindo e descendo). 

Qual mãe nunca se irritou profundamente com você,quando espalhava a gelequinha no chão da sala,  juntando poeira,pêlo de bicho e melava o tapete? Aquele troço tinha um cheiro tão ruim que eu não sei como ele se tornou uma moda na minha infância. Outro brinquedo que melava pra caramba não só a sua casa, mas as suas roídas unhas, era a massinha de modelar da Estrela ou da Play-Doh. Meninas usavam pra fazer comidinha e meninos pra fazer melequeira mesmo.

Quem não lembra também do pega-vareta, pequeno engenheiro, lig-4 (também herdei da minha irmã), das mini-garrafas de coca-cola que nos deixavam curiosos em saber se realmente tinha coca-cola dentro delas e do boneco Baby,da família dinossauro? E quem nunca teve um balde de lego? Sempre haviam pecinhas espalhadas pela casa, sempre levava bronca por isso, mas nem me importava. E uma das maiores febres da década, o Tazo? Lembro que nem gostava de todos os salgadinhos da Elma-Chips,mas só comprava pra pegar o tazo brilhante ou aquele grossão,parecia uma caça ao tesouro. A coisa foi tão grande que, na minha escola, não importava mais a diferença de idade ou de séries do ensino fundamental I; todo mundo descia para o recreio com seus porta-tazos para trocar, apostar, jogar bafão e exibir seus novos tesouros uns para os outros.

E ainda mais: além do porta-tazo,íamos para o recreio muitas vezes com um álbum de figurinhas debaixo do braço,procurando alguém para trocar as repetidas por outras novas.Qual criança da minha época que nunca juntou aquelas moedas ou encheu o saco dos seus avós para ganhar aquela notinha de um real (in memorian) para comprar um pacote de figurinhas na banca da esquina? Na época da Copa do Mundo, nesse ano mesmo, passando por uma banca de revista, vi uns meninos com seus pais reunidos em algumas mesas trocando figurinhas do álbum da copa!Tive uma sensação tão esquisita,mas boa,uma sensação de que nem todas as coisas boas e simples de antigamente caíram no esquecimento.



Com o inevitável avanço tecnológico, os brinquedo eletrônicos foram ganhando cada vez mais aperfeiçoamento e vez nas lojas de brinquedos. A turminha da rua passou a se juntar na casa de um amigo não mais para assistir tv ou jogar algum jogo de tabuleiro,mas para jogar videogame. No começo,as marcas eram poucas e os modelos bem simples,mas novidade é sempre novidade,e não deixou de ter sucesso com a garotada. O tal do brick-game era relativamente barato em relação aos videogames da tv e quebravam um galho danado. Já o Pense Bem da TecToy não era um jogo, mas tipo um mini computador, com atividades parecidas com as que esses notebooks da xuxa têm hoje. Ele vinha com um livrinho de exercícios e você podia comprar outros separadamente. Minha amiga tinha esse modelo mais antigo e eu um mais avançado, mas eu achava o dela mais legal por ter mais cara de computador e ela achava o meu mais legal por ser uma versão mais atual na época e mais bonito e leve. No fim de semana, uma ia pra casa da outra com seus Pense Bem para trocar e brincar, uma com o Pense Bem da outra.

O primeiro videogame que eu e minha irmã tivemos foi esse ao lado do Super Nitendo, o Master System III,da marca Sega. Quase não jogava nesse videogame,aliás mal chegava perto porque minha irmã não deixava. Ficava com raiva disso, mas penso que pra mim foi melhor; eu simplesmente não jogava videogame,mas ia brincar de lego, de boneca,andar com a minha bicicleta Monark e assistir aos meus desenhos favoritos na tv. Acho que não perdi muito com isso, só o que eu consegui foi ser péssima no tal do videogame e mesmo quando eu ganhei meu Nitendo, eu continuei ruim e ainda preferia pular corda ou brincar de queimado com as minhas vizinhas do prédio. Hoje eu sou a pior sempre quando vou jogar Wii na casa da minha amiga, mas nem me importo, pois o tempo que eu passei longe do videogame quando era mais nova foi bem aproveitado, com certeza.

Outra febre dos 90's foi o bichinho virtual, o Tamagoschi (não sei se escreve assim mesmo). Esse chaveirinho vivia em falta nas lojas porque a procura era imensa. Eu e minhas primas, é claro, corremos para comprar mas, sinceramente, quando eu olhei praquele minúsculo ET de mentira eu fiquei meio frustrada (e minha mãe manifestada porque achava um absurdo um chaveiro custar tão caro).

Coloquei essa fotinha do Ferrorama que, apesar de ser bem antigo, é muito lembrado ainda hoje. Essa brinquedo dos anos 80 marcou-me muito. Ele era do meu primo, mas ficava guardado na casa da minha avó e toda vez que eu pra lá eu ficava doida pra montar o trem, mas não deixavam e quando finalmente permitiram que eu brincasse com ele, o Ferrorama faltava mais peça do que tudo, só fiquei com os restinhos de alguns vações,da locomotiva e dos trilhos,mas foi o suficiente para mim e até hoje eu lembro daquelas poucas peças que eu consegui pegar.




Esse post tá ficando longo demais,mas é que as lembranças vão-se desenrolando pouco a pouco e faço questão de colocá-las aqui pra provar o quanto a criança dos anos 90 para trás foi mais feliz.

Criança que é criança adora assistir tv quando não está brincando ou fazendo coisa errada. Não podia deixar de mencionar os desenhos e programas mais legais que passavam na tv aberta,pois na época eu não tinha tv a cabo, mas era bastante satisfeita com a programação infantil. O lado bom de ficar doente,pra mim,era poder passar a manhã inteira assistindo aos desenhos, já que a tarde passavam outros programas. Nessa montagem não tem nem metade dos desenhos que eu assistia, mas todos eles nem se comparam aos de hoje,sério. Pra começar, os heróis dos desenhos eram de forma humana e lutavam contra vilões,montros,o que fosse. Hoje em dia, a maioria dos heróis são robôs ou gente que se transforma em monstro (WTF?!),como assim?Oi?Um herói em forma de monstro pra lutar contra outro monstro?Isso mostra o que,que heróis humanos não são capazes de lutar contra monstros e vilões? WTF?! novamente.

Antigamente,os bichinhos eram protagonistas de desenhos sensacionais,que faziam a gente rolar de rir, como os Looney Tunes,Pica-Pau ,Turma do Mickey,Scooby-Doo,Animaniacs,Zé Colméia, Tutubarão,Tartarugas Ninjas,Thundercats,entre outros. Os Ursinhos Carinhosos tinha um tom mais de drama,mas era legal também. Hoje em dia os desenhos com animais são taxados de idiotas,possuem um enredo fraquíssimo,não atraem criança alguma e a maioria passa em canais para crianças muito pequenas,como o Discovery Kids. Em alguns canais da tv aberta ainda temos a sorte de ver as peripécias do Pica-Pau e as histórias do Pernalonga e de sua turma.

Os desenhos atuais para meninas são basicamente de bruxas,patricinhas fúteis ou menininhas sem noção com cara de emo. Coisa boa era ligar a tv no canal Manchete (in memorian) e assistir as guerreiras Sailor Moon, aí sim. Um desenho ou outro se salva hoje para as meninas,quando tem,pois no Cartoon Network,por exemplo,eu só vejo passar desenho para os meninos.Era melhor mudar logo o nome do canal para "Boy's Network" . A propósito,esse canal me decepcionou muito, eles praticamente excluíram os clássicos da programação e colocaram só alguns para preencher o horário da madrugada. Pela graça,cadê Johnny Bravo, O Laboratório de Dexter, os outros com animais que eu mencionei no parágrafo anterior, Du Dudu e Edu,os Flinstones?! William Hanna  e Joseph Barbera (in memorian) devem estar revirando-se no túmulo.Onde estão os personagens humanos? E animais? Por onde anda a imaginação das crianças que assistem monstros e armas o tempo inteiro?

Legal era ver o futurismo dos Jetsons,os modelos super descolados dos carros da Corrida Maluca,a imaginação fértil de Bobby,as batalhas da turma da Caverna do Dragão, Cavaleiros do Zodíaco(sim,eu assistia e achava o máximo),as trapalhadas do pimentinha Dennis, rir com as neuras de Doug Funny, a Mãozinha da Família Adams,os clássicos da Disney...É,já não fazem mais desenhos como antigamente,por isso compro dvd's pra minha sobrinha de 3 anos poder ter o privilégio que eu tive.



Algo que nunca esqueci era que sempre ao voltar da escola, na hora do almoço,eu entrava em casa correndo e ligava a tv pra não perder essa novela do sbt chamada Carrossel de que tanto gostava e não tava nem aí se era mexicana,colombiana ou qualquer outra coisa,eu queria era estudar na escola que os personagens da escola estudavam e usar a farda deles,achava linda. Admirava-me também como a amizade entre as crianças daquela escola era tão fiel e companheira,uns protegiam aos outros,consolavam-se,aprontavam juntos,choravam juntos...Essa novela me ensinou o que era ter amigos de verdade e a perceber quais eram e quais não, e isso meio que me ajudou na escola onde estudei quando era pequena,pois eu a odiava e não gostava da maioria das pessoas que estudavam comigo. Os amigos verdadeiros que eu tive na minha primeira escola não completam atualmente nem os dedos de uma mão.

Por falar em sbt,o pessoal por aí vive descendo a lenha no canal porque os seriados que ele exibe sempre são cortados ou mal dublados,além de serem tirados e colocados na programção sem aviso algum. Quanto a questão eu concordo plenamente,mas foi graças à emissora de Silvio Santos que eu tive meu primeiro contato com o mundo dos seriados,livrando-me de algum futuro vício em novelas. Chaves diverte a galera desde os anos 70 e conseguiu me divertir bastante. Outra série que adorava era Punky,a levada da breca,dos anos 80; mesmo sem entender algumas piadas,eu ria e chorava assistindo. Rir mesmo era com Will Smith em Um Maluco no Pedaço, muito bom mesmo, hoje em dia passa nas madrugadas do canal Nickelodeon. Três é demais não passa mais em canal algum,pelo que eu saiba,o que é uma pena,era um seriado super família,sempre falava de união e amizade e as gêmeas olsen ainda eram uma gracinha na época. Pra terminar, Blosson tratava de uma adolescente bem no início dessa fase,mas nem se comparava às "adolescentes" de alguns seriados atuais (Gossip's Girls da vida) que nem vou comentar.

Outros programas eram divertidos e educativos ao mesmo tempo,a criança aprendia certas coisas sem perceber. A maioria deles passava na tv Cultura: X-tudo,Glub-Glub,Rá-tim-bum e Castelo Rá-Tim-Bum. No sbt, era o programa Passa ou Repassa que fazia a turma sentar na frente da tv pra assitir o jogo de perguntas e respostas com torta na cara. Até no prédio que eu morava teve essa brincadeira,só que eu era pequena demais para participar das tortadas,então ficava na torcida (pior que eu sabia responder algumas perguntas e isso me deixava revoltada).

As manhãs em casa,doente,também me divertiam com a Família Dinossauro e TV Colosso. Quando eu não estava assistindo Carrossel no almoço,eu estava rindo e me engasgando com os Trapalhões, que passavam sempre antes do Globo Esporte. Finalzinho de tarde era a hora marcada pra assistir TV CRUJ e mandar o Macaco dar o play. Nessa época, Malhação era ainda na academia e eu ficava disputando o controle da tv com a minha irmã porque ela queria ver os gatinhos globais e eu queria ver os desenhos da Disney no sbt. A gente brigava também quando ela queria assistir Confissões de Adolescente no canal Cultura,só que a briga era porque ela não queria que eu assistisse por ser muito pirralha.


 


Caramba,é tanta coisa pra falar que com certeza esse mega texto tá mega cansativo,empolguei-me bastante,mas nesse assunto é impossível eu não me empolgar já que a quantidade de informações é imensa. Sempre fui nostálgica mesmo, mas juro que o textão tá perto de terminar.

Ainda não mencionei o que nos fazia usar todo o dinheiro do lanche para comprar ou então somá-lo com as moedinhas de troco acumuladas durante a semana. Além de fazer um mal danado quando exagerávamos (quase sempre) na dose, as guloseimas que a gente consumia sempre tinham algo de especial para nos atrair,seja os adesivos que não colavam direito do chiclete ploc,seja o palito do pirocóptero e o brinquedinho que vinha dentro do kinder ovo,quando ele era realmente chocolate e não uma casca de plástico com um creme e duas bolas dentro para melar e comer (WTF?!) ;chocolate mesmo como o do antigo kinder ovo só em época de páscoa ou pra quem tem a sorte de viajar para o exterior.

E quem nunca comeu aqueles pseudo-chocolates que vinham embalados com estampas de bola de futebol,ou em formato de guarda-chuva?Eita gosto ruim e bom ao mesmo tempo!Além do clássico pirulito do zorro,sempre comprava aquele que vinha junto com um pózinho azedo que estralava na boca e fazia barulho.O pirulito das Spice Girls nem se fala,quantas e quantas vezes fiquei sem lanchar e usei o dinheiro pra comprar só pirulito?Em tudo que era coisa minha tinha algum adesivo da Mel B,Mel C,Gary,Victoria e Emma em variadas poses.

Se minha mente fosse poluída naquela época,jamais sairia na rua com o dedo enfiado no pirulito push-pop e ainda por cima lambendo-o. No período em que ele lançou, o seu público-alvo principal ainda não via as coisas distorcidas como a maioria da galerinha infanto-juvenil vê hoje em dia; a idade pode ser a mesma,mas a nossa cabeça era completamente diferente,mas isso não nos prejudicou de forma alguma,muito pelo contrário,as crianças dos anos 90 viveram e aproveitaram plenamente cada fase das suas vidas no tempo certo,sem atrasos ou adiantamentos emocionais,físicos,sexuais,psicológicos,intelectuais,enfim.

O que eu vejo hoje em dia é muito pré-adolescente pagando de maduro sem nem ao menos saber o significado do que tá falando ou fazendo,acha que a vida é uma eterna balada regada a bebida e garotos, estes que, com 12,13 anos já fizeram coisas as quais gente de 20 que eu conheço não fez nem metade.E  não me venham com a desculpa de que estão a aproveitando a vida intensamente,porque todo mundo tem a oportunidade de desfrutar da sua vida e experimentar o que quiser,mas creio que cada fase nossa requer um tipo distindo de atitude, maturidade e comportamento; tudo tem de ser ao seu tempo, mas o livre arbítrio tá aí pra isso,quem sou eu pra julgar essas pessoas?

Torço muito pra que a minha sobrinha possa curtir cada fase da sua vida da melhor forma possível,se depender de mim vou tentar proporcionar para ela ao menos um pouco do gostinho da minha infância. A inocência dela me encanta demais e sua esperteza também: acho engraçado quando ela tenta cantar "Bad Romance",mas confesso que prefiro bem mais quando ela canta pra mim aquelas musiquinhas de escola ou até mesmo música de gente grande com alguma letra bonitinha,como a do cantor Buchecha, fico toda besta quando ela canta: "Avião sem asa,fogueira sem brasa,sou eu assim sem você..." daquele jeito que só uma menina de três anos canta.

Então,atuais e futuros papais e mamães, prestem muita atenção nos seus filhotes para depois não tomarem um susto quando eles fizerem 12 anos e chamarem vocês para tomar uma (grade) a fim de comemorar o fato de que estão "crescendo".